Minha história estranha


   E eu estava lá, caminhando por um parque quando de repente olho para um banco onde vejo eu mesmo, então com 11 anos de idade, lendo um livro qualquer enquanto outras crianças brincavam por ali.
   E não consigo ter a menor dúvida de que sou eu, porque puxa vida, é igual as fotos de menino e além disso, eu me lembro perfeitamente desse dia!
   Eu deveria ter me aproximado, mas porque? Porque quebrar esse fluxo ‎perfeito e disforme que é o tempo e que me trouxe até aqui? Mas puxa vida, era no mínimo bem curioso me ver assim, como se estivesse nos olhos de outra pessoa, com os olhos bem atentos na história enquanto os outros meninos jogavam bola e falavam alto.
   Sigo meu caminho pensando em tudo isso. Se tivesse me aproximado ele certamente ficaria feliz com tudo o que sou e tudo o que conquistei. Em como a vida pode ter passado tão rápido diante dos meus olhos sem ser notada.
   E sem que eu perceba o mini eu me observa me afastar depois de fingir não me notar. E pensa vagamente:
   "Eu vou continuar feio. Droga.".

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   Essa crônica é uma resposta a crônica igualmente curta "História Estranha" de Luis Fernando Veríssimo, disponível no livro "Comédias para se ler na Escola".

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