O Estranho Mundo dos problemas de Matemática


   Eu sempre tive um problema sério com matemática. Não com a parte de fazer as contas, porque esses todo mundo tinha, mas era com a parte de humanas da matemática. Com as histórias que os problemas de matemática que meus professores passavam tinham para justificar aqueles cálculos. Tipo, era um mundo muito próprio em que nada fazia sentido. Eram quase todos problemas que não tem a menor possibilidade de a gente ter na vida real!
   Eu tenho lembrança de um por exemplo, em que eu precisava calcular juros simples sobre o valor de uma caneta. Fácil. Se a caneta não custasse 4800 reais. Assim, gente, não é por nada não, mas que caneta é essa que custa quatro salários mínimos? É de ouro? Ou é daquelas canetas espiãs que filmam, fotogravam, gravam tudo e lavam a louça?
   Um outro problema que tive de resolver, dessa vez mais velho, lá pela sétima série: Um amigo se mudava e depois de um tempo você viajava para visita-lo. Até aí legal. Mas quando ele te dava o endereço, tinha o carvalho de uma equação enorme para você resolver no lugar do número da casa do infeliz!
   É claro que se isso fosse verdade eu perguntaria por ele na casa de algum vizinho e depois ia na casa dele para trazer de volta o seu bom senso com duas ou três bifas na cara. É assim que o cara quer ter amigos, caramba?
   E pensando nisso, trago aqui alguns problemas que encontrei na internet só para mostrar o nível de bizarrice da coisa:

   "Carlos tinha 4 caixas com 18 piões cada uma. Ele achou mais 11 piões."

   Beleza, tudo bem se o Carlinhos for colecionador (e dos bons, porque achar piões para comprar em 2018, no preço que a mesada que uma criança paga, ainda por cima) é para poucos. Mas qual a possibilidade de, em 2018, o moleque achar um monte de piões dando sopa por aí? Esse definitivamente não é um problema que um menino vá ter hoje em dia!
   Isso quando é uma coisa minimamente colecionável! Eu lembro de problemas desses com cadernos! Qual é o moleque que vai querer dezoito caixas de cadernos? Para que? Acho que nem o filho do dono da Tilibra vai querer isso!

"João tem hoje 2 vezes a idade de seu filho. Há 18 anos João era 5 vezes mais velho que seu filho. Quantos anos tem o filho de João hoje?"

   Quem é a pessoa que acorda um belo dia e se faz esse tipo de pergunta? Isso é ilógico para caramba! Não seria mais fácil ir até o João e perguntar a idade do filho dele do que fazer todo esse caminho? Porque, sério, não existe ninguém em lugar nenhum do mundo que faz isso ou pensa nessas coisas, a não ser que tenha muito tempo livre!

   "Nós temos um pedaço de 62 metros de tecido. Determinada máquina leva 2 segundos para para cortar 1 metro desse tecido. Quantos segundos a máquina leva para cortar a peça inteira em pedaços de 1 metro?"

   Assim, sem querer ser chato, mas não seria mais fácil olhar no manual de instruções da máquina? Porque é o mínimo que qualquer pessoa com mais de dois neurônios e o mínimo de sensatez faria!

   "Carlos comprou uma televisão no valor de R$ 950,00, dividida em 10 prestações iguais. Ao pagar a 4º prestação, recebeu de presente de seu avô, o restante do dinheiro para a quitação do aparelho. Quanto Carlos recebeu?"

   Antes de qualquer coisa, é legal como no universo desses problemas, uma caneta paga cinco televisões! Segundo, qual a chance do meu avô receber uma aposentadoria tão grande que dê para pagar até o boleto dos outros, no Brasil? E mesmo que ele recebesse, porque ele faria isso?
   Bem, eu posso dizer que oito anos se passaram desde que completei o ensino médio e de lá para cá não aconteceu comigo uma única situação que se quer remetesse as histórias que esses problemas criavam. Não nego que me ajudaram a aprender e como professor que sou atualmente, eu sei a importância deles na educação. Mas sigo pensando que eles podiam ter um pouco mais a ver com a nossa realidade e não parecesse que usaram LSD para formular!

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