Brincadeiras antigas que sempre acabavam Mal


   Eu percebi que nunca fiz aqui um texto sobre brincadeiras antigas, então achei que seria interessante falar alguma coisa sobre aquelas que brinquei e me lembro. Mas a primeira coisa de tudo é que, mesmo sendo pobre, não fui daquelas crianças que perdia uma tampa de dedão por dia na rua fazendo qualquer coisa ou quebrava um braço a cada seis meses. Eu era nerd demais para isso! Na verdade nunca quebrei nada na minha vida e nem tenho a menor ideia de como é as pessoas assinando ou os amigos desenhando pênis no gesso e nem nada assim! Não são memórias que eu tenho, mas vou dizer as que tenho!
   A primeira brincadeira que lembro que as vezes dava problema era o tradicional esconde-esconde. Era embaçado porque nunca se podia esperar que a pessoa ia contar direito. O infeliz sempre ia contar mais rápido para sacanear a galera ou ia espiar onde um ou outro estava se escondendo enquanto contava, então todo mundo tinha que ficar esperto com essas coisas! Mas o pior não era nem isso, era se ele ficasse "guardando caixão" ou seja, não saísse de perto do "salve" nem por decreto sendo que tinha gente que foi se esconder até na fronteira com a Colômbia esperando uma oportunidade!
   Mas é claro que o pessoal que estava se escondendo também dava trabalho as vezes: O moleque podia acabar dormindo onde estava escondendo se o outro demorasse para achar, ou então a mãe chamava de volta e ele não avisava ninguém! Aí você achava todo mundo, achava o gato da vizinha, achava um traficante que te oferecesse drogas, achava o pedófilo que estava escondido ali para se aproximar do pessoal, mas não achava o filho da mãe, porque ele já tinha voltado para casa e fez a pachorra de não avisar ninguém!
   Agora, se encontrasse um cadáver ou um bebê largado por aí zerava epicamente o jogo!
   O Mestre Mandou também era outra que tinha tudo para dar briga porque o mestre em questão podia ter o que ele quisesse. Se ele fosse mais sacana, ele podia pedir umas coisas esdrúxulas na vez dele, e a galera ia ter que fazer por via das regras, se quisesse ser o mestre depois. E aí o próximo mestre ia querer se vingar do anterior. O outro ia querer se vingar dos dois primeiros, e assim por diante até virar uma briga generalizada, o que cedo ou tarde sempre acontecia e alguém acabar chorando!
   A queimada era o meio mais fácil de perceber quem era o mais mole da turma e quem era o mais provável de se tornar um sadomasoquista no futuro, porque ali não tinha amigo, primo, irmão, parente, nada, você ia jogar a bola com o máximo de força para atingir os outros antes que pudessem fugir e depois ia levar no lombo com força na sua vez também, porque na nossa época a gente gostava realmente de se matar nas brincadeiras! Quanto mais difícil fosse para andar na hora que a mãe chamasse para dentro, melhor! Sem mencionar que não tem organização nenhuma e o povo corre cada um para um lado quando a bola é jogada!
   E por fim, a famosa e fabulosa batata quente! Toda vez sempre tinha um filho de uma boa mãe que interrompia a brincadeira toda e acabava completamente com a vibe dos coleguinhas porque se recusava a acreditar que era com ele mesmo que a batata tinha caído e não com o cara do lado, o que não fazia nenhum sentido porque ninguém sai na batata quente, a turma só trocava de lugar ad infinitum! E detalhe: Ninguém nunca aprendeu a evitar de pôr a mão em coisas muito quentes com essa brincadeira na história!

   Agora, vocês avisem aí nos comentários se vale uma parte II!
   .

Postar um comentário

0 Comentários