Eu, meu irmão e as Crianças #02: A ansiedade - Parte 2 de 3


   Max se aproximou dos lugares comprados na arquibancada com os meninos. Se sentaram. Em mais dez minutos os jogadores chegariam ao estadio. Enquanto isso, Theo olhava ao longe para ver se via a garota chegando também!
   -É o seguinte: Você vai atrair ela para o banheiro dizendo alguma coisa legal, tipo, sei lá: "Meu atacante precisa passar a bola, gata! Seu gol tá livre?"!
   -Mas se o atacante tá perto do gol não é melhor ele chutar direto?
   Max deu um tapa na própria testa. Não devia ter acreditado muito naquele papo de levar garotas para o quarto e cervejas. Respirou fundo.
   -Só fala, Theo! Vai por mim, as meninas adoram isso!
   -Mas ela vai estar jogando no gol? Não sabia que tinha garotas no nosso time! - Sorriu Lucas.
   -Jesus, eu não sei qual de vocês é pior! Olha, pelo que você descreveu é ela ali, não? - Disse, vendo a garota se aproximar, junto com o pai. Loira, cabelos encaracolados, uma bandana do time na cabeça. - Vai lá e diz algo para ela!
   -M-mas...
   -Só vai! Meninas como ela gostam de meninos de atitude! Que quando se propõem a fazer algo vão lá e fazem! Vai!
   -T-tá bom! - Se levantou, timidamente.
   -Meu garoto!
   Vendo ele se afastar, Max então vira-se para o menor.
   -Eu disse alguma coisa como "propõe" mesmo?
   -Disse!
   -Cara, eu preciso parar de andar com o meu irmão!

* * *
   Do outro lado da cidade, Jessica não estava tendo mais sorte como babá do Pete. A coisa começou quando Raquel ligou para ela, p#ta da vida:
   -EU QUERO QUE VOCÊ VENHA IMEDIATAMENTE PARA A ESCOLA DO PEDRINHO DAR EXPLICAÇÕES, OU VOCÊ ESTÁ DEMITIDA!
   -O-o que aconteceu, senhora?
   -O que aconteceu? A DIRETORA ME LIGOU AMEAÇANDO CHAMAR O CONSELHO TUTELAR SE EU NÃO ESTIVESSE EM UMA HORA NA ESCOLA!
   Desligou. É claro que o Pete tinha feito alguma das suas de novo. E considerando que o loirinho tinha passado o último final de semana na casa dela, é em cima dela que essa bomba com certeza ia cair!

   * * *
   Enquanto isso, em casa, Thalia descia as escadas. Bem na hora de ver algo que preparei para ela. E por pouco não perde o equilíbrio e termina de descer rolando com o que vê. Eu tinha botado minha grande idéia em prática.
   -O-o que é isso?
   -Sou fisicamente igual ao meu irmão! - Disse, parando de espanar os móveis e me aproximando. - Então o jeito mais rápido de acabar com o fogo de vocês antes que a gente tenha problemas com os seus pais é fazer com que você nunca mais consiga olhar na cara dele sem brochar! - Lhe entreguei o espanador.
   -E sua grande ideia foi se vestir de empregada sensual para mim?
   -Até o fim da tarde! O que espero que não demore porque essa calcinha está apertada! Mas veja: Não estou ridículo? - 
   Dei uma voltinha.
   -Olha só, se você não tirar essa roupa agora vamos ter problemas!
   -Você está me ameaçando? Eu posso ligar para os seus pais! Não se esqueça quem é que manda aqui!
   -Não é isso, você não entende!
   -Chega de conversinha! Vai espanar os móveis! AGORA!

   * * *
   -Com sua licensa, desculpem a demora!
   Quando Jessica chegou na escola e entrou na sala da diretora, os olhares eram os piores possíveis. Realmente parecia que ela tinha provocado o estopim da terceira guerra.
   -Senhorita, o pedrinho disse para a professora que viu algo que não devia em seu quarto, e nós precisamos apurar antes de falar com o conselho tutelar. Eu entendo que na qualidade de babá a senhorita tem muita intimidade com o garoto, mas devem ser observados os limites éticos e profissionais que...
   -PELO AMOR DE DEUS! - Raquel interrompeu. Os olhos pegando fogo de raiva. - VOCÊ TIROU A ROUPA PARA O MEU FILHO, SUA VADIA? ELE SÓ TEM OITO ANOS!
   -Senhora, não, pelo amor de deus! Tem que haver algum engano! - Começou a sentir a pressão subindo.
   -Nas palavras dele para a professora Nair, senhorita, a senhora levou ele para o quarto para mostrar o... "Gr#lo"! Eu espero que a senhora saiba que esse tipo de situação numa sociedade como a nossa não pode ser adimitida! As consequencias desse tipo de exposição para a criança...
   -VOCÊ TIROU A ROUPA OU NÃO? - Raquel interrompeu novamente. - O PEDRINHO NÃO IA MENTIR!
   -C-como eu disse, há um mal entendido! Eu teria que falar com ele para entender o que houve, m-m-m-mas isso jamais...
   -Vai chamar ele, Nair! Por favor!
   Jéssica respirou fundo ao ver a professora deixar a sala. Realmente, Pete não era de mentir. Logo, ele começou uma confusão que só ele mesmo conseguiria desfazer.

   * * *
   -Sinceramente eu não sei o que foi pior em tudo o que eu vi agora, Theo! Se foi você ter falado a piada na frente do pai dela, ou se foi você perguntar se o atacante DELA está livre para o SEU gol! Eles até mudaram de lugar!
   -Eu sei, eu sou uma vergonha!
   -Não é isso! Você foi hoje uma vergonha, mas não pode desistir agora! O que não falta no mundo são belos peitinhos! Na próxima vai dar cert... Theo?
   Theo lacrimejava em silencio e respirava rápido segurando o peito, como se simplesmente tivesse saído do próprio corpo. Algo totalmente fora do comum.
   -Ele tá tendo um piripaque de novo! - Disse Lucas.
   -Um o que? Espera, eu ja vi isso! O... - Disse meu nome. - ja teve isso quando a gente era pequeno! - Pegou o celular.

* * *
   Pete entrou na sala da diretora, parecendo muito assustado com tudo aquilo e sem entender o porque o que ele disse levou a toda aquela tempestade.
   -Pedrinho, por favor! Conte novamente para nós o que contou para a professora!
   -E-eu entrei no quarto da tia... E vi o gr#lo dela na cama! Aí eu perguntei se podia pegar e ela deixou!
   Ao ouvir aquilo, Jessica começou a experimentar de um sentimento que jamais achou que experimentaria na vida: Vontade de assassinar uma criança!
   -Pete... Conta para elas! Conta para elas como é o gr#lo que você viu!
   -AINDA QUER QUE ELE FALE MAIS, SUA VAGABUNDA SEM VERGONHA?
   -Se acalma, dona Raquel! - Pediu a diretora. - Pode responder a pergunta, Pedrinho!
   -Bom, era um bicho verde, pequenininho, que esfregava uma perna na outra e fazia barulho! Eu acho que ele entrou pela janela, porque a tinha tem um monte de árvores de frutas atrás da casa dela!
   -Era um GRILO, senhoras! Um grilo!
   Ela então começa a chorar e deixa a sala da diretora. Raquel, ainda bugada como todos ali, não tem coragem de sair e dizer alguma coisa. Jessica nunca foi tão humilhada. E Raquel sabe disso, porque nunca perdeu a cabeça a ponto de humilhar tanto alguém.

   * * *
   -Ele o que? Tá, me espera no estacionamento, eu estou indo para aí agora! Assim que eu chegar vou com ele ao médico e você trás o Lucas para casa! Seja rápido!
   Eu ia desligar, mas quando vi, a Thalia estava olhando para mim e se aproximando de um jeito estranho.
   -Eu disse para você! Que eu não ia aguentar muito tempo!
   Me agarrou e segurou minha bunda por debaixo da saia. Eu fiquei até sem ar largando o telefone.
   -Eu sou bissexual, seu idiota! Você queria que eu brochasse com essa roupa? Agora é que eu tô "suando" rios!
   Me beijou a força. Com Max e Theo ouvindo tudo no telefone. Realmente, eu estava perdido!"

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