A Batalha de toda Manhã


   Se tem uma situação da minha vida que posso me lembrar de já ter sentido o ódio mais puro e no seu estado mais natural e exótico de viver, é quando eu tenho que acordar cedo!
   E nem é de ter dormido mal. Geralmente não importa o quão bem você durma, você pode até ter dormido tão bem que sonhou com o Henry Cavill... Alias, com a Gal Gadot perdida com você numa ilha deserta, não importa: Você vai acordar com o seu corpo parecendo pesar uns 300 kg, as costas doendo como se tivesse escalado o monte everest carregando o The Rock nas costas e geralmente só a cabeça acordou, mas o resto do corpo está dormente.
   E já é uma batalha com o seu braço para desligar o despertador. E outra com as palpebras para abrir os olhos. Tanto que você até chega a guardar uma esperança pequena, miúda, triste, xoxa, capenga, anêmica e inconsistente de que talvez quem sabe o celular tenha bugado e ele tenha tocado na hora errada e você ainda possa dormir mais um pouco. Mas essa esperança é quase sempre destruída junto com o seu olho quando a luz do celular chega nele parecendo que você tem um pedaço do sol na mão (Se bem que aí é que eu não levantava! Imagina o quanto deve valer um pedaço do sol!), e quando a visão volta você lê o horário, e sabe que é agora ou nunca!
   Mesmo assim você ainda não levanta. Primeiro tem aquele velho ritual de todo dia: Somar mentalmente todas as suas dívidas para ver se você realmente precisa daquele emprego ou daquele compromisso! O que geralmente acaba como outra esperança ferida: Você é pobre e sem sorte e já é muito não ter que se preocupar em declarar imposto de renda com o pouco que você ganha!
   E só então, já quase desistindo da vida (por mais que soe no mínimo irônico), a gente começa a fazer os primeiros esforços para levantar. Como os ossos parecem todos travados, tal qual tivessem fossilizado durante a noite e estivessem esperando pela datação de carbono, você se move bem devagar.
   Começa pelas pontas dos dedos, que exige menos energia. Falange por falange. Depois os braços. Desliga a p#rra do alarme que da última vez em vez de desligar sem ver você colocou no modo soneca e agora ele tá tocando de novo. Inclusive nessa hora você se arrepende de ter colocado sua música favorita como alarme. Honestamente, nunca imaginou que um dia logo o Abba ia te fazer querer tacar o celular na parede, cara!
   E então, vem a parte mais difícil, quase o décimo terceiro trabalho de Hércules: Mover as pernas. Mas você junta toda a força que lhe resta e vai, uma de cada vez. Elas estão tão dormentes que até um segundo atrás você nem lembrava que as tinha! E se não estivessem grudadas ficariam ali, mas como estão você as move e usa as últimas forças para tirar o resto de cobertor do seu colo e levantar. E aí, depois de um bocejo, uma espriguiçada e uns tapas na cara, quem sabe um litro de café a depender da pessoa, nós finalmente vamos para a vida!
   E para frisar esse texto, eu só quero salientar que se você é do tipo que gosta de acordar cedo e se sente feliz e disposto para ir para a rua deixar o cooper feito (quem entendeu, entendeu!), eu só queria dizer que eu odeio você! Eu e o resto da humanidade! É por isso que você faz cooper sozinho! Rs

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