Eu já tinha escrito um texto aqui no blog há bastante tempo destilando todo o meu ódio de grupos de Whatsapp de família. Nós sabemos que a única função disso é justamente separar a família mais do que já está separada. O ser humano filho de Deus que cria esses grupos esqueceu que os filhos geralmente saem da casa dos pais quando crescem e vão formar suas famílias bem longe por uma razão. Agora, o que vocês acham que acontece quando você pega toda a família e reúne na mesma hora no mesmo lugar? Vocês realmente acham que é diferente? Não é, e eu vou dizer porque.
A primeira coisa é que todas as tias se sentem obrigadas a dar presente para a pessoa que está fazendo aniversário ou para pelo menos alguns parentes se for natal ou ano novo. Só que ninguém quer fazer isso, menos ainda ter de levar carne e refrigerante para contribuir. Ninguém nunca quer fazer isso, mas a gente sabe que a pessoa já faz a festa esperando por isso. E quase sempre é aquela tia metida a rica que reclama de mendigos (mas adora um chá de bebê/panela) e bolsa família. E quando chega lá é um show de falsidade: É a tia que falou mal do filho da outra se abraçando com ela. É os primos que brigaram semana passada como se nada tivesse acontecido. Parece aqueles comerciais de final de ano da globo, que faz parecer que todo mundo se gosta!
A outra coisa é que nessas festas, não tem uma família, uma única família onde sete de cada oito caras não bebem para c#ralho e fumam nessas festas (fazendo seus filhos e os filhos dos outros fumarem passivamente também), e com menos de três horas de festa, para quem não bebe nem fuma o cheiro que fica de bebida misturada com cigarro (quando não tem rodas de narguile também) é horrível. E quase sempre vai aparecer um primo bêbado que nunca nem olhou na tua cara, depois de três ou quatro latinhas de cerveja achando que tem intimidade e abertura com você. A vontade de morrer é imensa, só não é maior que a de vomitar e a sensação de ardência nos olhos com a fumaça.
A música é quase sempre a pior possível. E não é porque seja funk ou sertanejo, mas porque são sempre as mesmas desgramas de músicas que o rádio, a televisão, o vizinho e toda a mídia já empurraram no teu ouvido repetidas vezes, o que só faz tu odiar ainda mais a parada. E o pior, quase sempre está ligada no celular de um dos caras, como se aquela fosse a festa particular dele. Eu to errado em achar que é muita boçalidade (Eu inventei essa palavra! Me julguem!) o sujeito achar que se ele gosta, então todo mundo gosta?
Uma outra coisa terrível que acontece é que na maioria dessas festas todo mundo esquece qualquer noção de culinária. Vocês se lembram do episódio do Bob Esponja, onde os Bob Esponjinhas no cérebro dele começam a rasgar e queimar tudo que não tenha a ver com jantar fino? Nessas horas parece que todas as tias mandam rasgar e queimar qualquer coisa que não tenha a ver com churrasco. Ou seja, basicamente, como deu para ver até aqui, as tia metida a rica faz uma versão térreo do popular churrasco na laje e nem se dão conta. E as carnes do churrasco são sempre as mais gordurosas, porque né? Longevidade? Nunca nem vi. (PS: O pão de alho tem meu perdão! Eu amo pão de alho!).
E se tiver um idoso ou deficiente na família que não consiga se comunicar ou locomover direito, ele invariavelmente vai ser largado por horas num canto, na melhor das hipóteses assistindo a televisão. Foram os melhores olhares de deboche que já vi. E concordo com cada um deles.
E para encerrar, o que eu acho o pior de tudo, como educador: As tias chegam lá, e largam os filhos com os filhos das outras para conversar entre elas e tudo certo. Se tem uns brinquedo alugado e gente olhando, tudo bem. Só que quase nunca tem. E aí, eu vejo essas crianças fazendo uma coisa que elas não fazem na casa delas quando os pais estão por perto: BERRAR! Eu tenho o ódio mais puro e semântico de criança que acha que pode correr no meio das mesas (no ponto de ter vontade de levantar o pé, só de sacanagem) e berrar a esmo, sem razão nenhuma, do nada. E já que, como eu, elas são obrigadas a fumar passivamente os cigarros dos adultos, elas podiam pelo menos ficar mais alegrinhas e de boas que nem a maioria deles, mas não! É sempre uma loucura!
E é claro, a cereja deste bolo maldito, que é justamente o bolo: A tia que é anfitriã da festa vai invariavelmente aguardar até o último minuto para pegar logo o bolo da geladeira e cantar parabéns para a pessoa que está fazendo aniversário, porque se não, ela sabe que metade dos convidados vai embora nas primeiras duas horas, principalmente os que não bebem ou não conseguirem ficar alegrinhos o suficiente para suportar! Ou seja, metade do pessoal que está ali, não quer de fato estar ali, mas estão como platéia cativa, porque fica feio sair sem cantar parabéns para o fulano. Fora que mesmo se for aniversário de criança, a galera vai tacar o f#da-se e vai cantar o clássico "é pica, é pica, é rola, é rola, é rola", e na semana seguinte vai torrar meu saco na internet sobre "kit gay" e "ideologia de gênero".
Então, quero avisar que estarei aderindo ao uso dos cartõezinhos online e mensagens genéricas no Facebook! Grato pela compreensão de todos e todas!
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