FPS e Paintball não são a mesma coisa!


   Normalmente, quando meus amigos me chamam para ir a algum lugar com eles, eu sou o garoto que passa o evento inteiro em um canto comendo o que tiver para comer, mas, desde que comprei uma boa câmera (e sou apaixonado por fotografia), eu passei a ser o amigo que só está ali porque tem uma câmera, e, alguém que não se importe de viver é a pessoa perfeita para fotografar as outras vivendo.
   Mas confesso que me animei muito quando surgiu a ideia de nos organizarmos para jogar paintball. Era a oportunidade perfeita de mostrar o que algumas horas de jogos de tiro em primeira pessoa, os famosos FPSs, me ensinaram. Claro. Vai pensando que segurar uma arma na vida real é a mesma coisa.
   Na verdade, fui eu e mais um colega que organizamos isso como presente de aniversário para um amigo que ia fazer 15 anos, porque esse amigo tinha dito, meses atrás, que queria muito ter essa experiência. Não vou dizer nomes, mas cara, o tiro na bunda deve ter sido um rito de passagem e tanto!
   Eu tenho uma lembrança muito nítida (as piores lembranças sempre são as mais nítidas) de quando começamos a pensar nessa ideia. Eu estava bastante feliz, mas na noite anterior a que combinamos de jogar (e só ali) a ficha começou a cair. O que passava pela minha cabeça era o peso da arma de paintball. Até aquele momento eu nunca tinha chegado nem perto de uma arma que atirasse na vida, com exceção daquela que todos os meninos conhecem bem.
   Acordamos cedo no dia seguinte e fomos. Levei a câmera. Era a única arma que eu sabia manejar ali. E foi bem útil porque, se não falha a minha memória, foi dela que saíram a maioria das fotos, inclusive aquelas onde eu aparecia com cara de sonâmbulo, por causa da noite anterior não dormida. Quando nos entregaram as armas nos deram as instruções para não fazer m#rda e machucar de verdade no coleguinha, algo como não atirar em alvos a menos de uma cidade de distância para não correr o risco de arrancar alguns órgãos, algo assim. Então, de repente, uma pessoa se arrisca e faz a seguinte pergunta:
   -Exatamente quanto é que dói levar um tiro disso?
   E a única razão de eu não ter reservado um parágrafo inteiro para fazer piada desse cidadão, é que no caso fui eu mesmo. Mas não foi exatamente algo fácil de se fazer. O que eu fiz ali foi perguntar o que tudo mundo queria saber mas ninguém ali era homem o suficiente para admitir. Sério.
   Mas eu não arreguei.
   Se há algo que um homem de verdade como eu tem que fazer quando entra em um campo de batalha, é achar uma trincheira, se agachar e rezar por sua vida. Foi o que fiz o tempo todo. Na real, é o que qualquer nerd faria naquele momento. E como eu era o único nerd no grupo e não tinha nenhum no outro para equilibrar, meu time acabou jogando com um cara a menos, o que não significa nada considerando que se eu jogasse para valer ia dar no mesmo!
   Foi mais ou menos em um momento desses, enquanto eu fazia o sniper cego atrás da pedra onde eu me escondia, o nosso amigo aniversariante corre até mais ou menos um metro atrás de mim e começa a esfregar a bunda na grama com uma bela expressão de dor. Uma autêntica bunda ardendo. E eu caí na risada de um jeito que daria inveja a uma manada de hienas naquela hora!
   E mesmo me escondendo o tempo todo, depois de umas três rodadas eu finalmente levei alguns tiros, porque sempre tem um sacana no outro time que não gosta de ver ninguém feliz, inclusive no FPS.
   Mas eu espero do fundo do meu coração que o ser que motivou aquele fatídico dia tenha tido um ótimo aniversário. E eu preciso repetir porque essa piada é muito boa: Fazer 15 anos tomando um tiro na bunda é com certeza um rito de passagem de macho mesmo!

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   O último texto que eu tinha para recuperar de projetos antigos. A partir de agora, vai ter que ser tudo inédito mesmo! E só para evidenciar como isso realmente aconteceu de verdade, segue uma foto do lugar em que estivemos:

A entrada do campo de paint ball onde jogamos.
Já faz alguns anos.


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