Da Redação #11: Racismo e Cartão de Crédito



   Estava eu no supermercado do bairro. Eu já fiz outros posts reclamando de novas tecnologias que só atrapalham, e eu não gosto de parecer o tiosão ranzinza que não sabe se adaptar a novas coisas, ainda mais sendo da geração que popularizou o celular, a internet e as redes sociais quase para o mundo todo. Mas francamente, hoje aconteceu um negócio que me deixou muito p#to e triste.
   Uma das tecnologias que eu mais tenho detestado nos últimos tempos é o cartão de crédito por aproximação. Primeiro porque não é possivel o quanto isso é inseguro e facilita golpes: Basta encostar o cartão, não tem nenhum passo antes para comprovar quem é o usuário, nada! Mas enfim... Fui no mercado. Fiz minhas compras. Ao pagar, o caixa me perguntou se seria no crédito ou no débito enquanto apontava a máquina. Em horário de pico, mercado cheio, fila se formando perguntei:
   -É de aproximação, não é mais rápido?
   Ele me olhou de cima a baixo e perguntou, como que estranhando.
   -Você não sabe a senha?
   Não! O cartão é meu mas eu não sei a senha! O banco esqueceu de me dar esse dado importante! (Sarcasm Alert). Que resposta ele esperava?
   "Ah, pois é, não sei! É que eu roubei de uma senhorinha ali na esquina e esqueci de perguntar para ela!"
   Naquele momento simplesmente desisti de usar a aproximação, coloquei o cartão dentro da máquina, digitei a senha para ele ver que eu não era o que ele supunha, peguei minhas coisas e fui embora. É claro que esse está longe de ser o único problema desse mercado, se o procon e a vigilância sanitária passarem lá ele fecha na hora. Isso se essas instituições não precisassem da imprensa acompanhando para fazer isso. Mas mesmo assim é f#da.
   Minha pele não é muito clara, caso você seja um dos muitos que leem os posts sem ver a minha foto na sessão "Eu e o blog". E eu não quero de forma alguma aqui ser o militante chato (que infelizmente existe) que faz força para transformar qualquer situação em racismo, mas, naquele ponto, 2021, com a tecnologia dos cartões de aproximação já socialmente aceita e amplamente utilizada, porque alguém não pode simplesmente querer usar essa tecnologia para ir logo embora para casa? Porque tem que ter esquecido a própria senha (se foi realmente isso que ele pensou)? Alias, o que teria feito ele pensar, sem me conhecer nem ter o mínimo de convivência comigo, que eu seria irresponsável o suficiente para esquecer a senha do meu próprio cartão?
  Sem mencionar a burrice que é achar que alguém que pegou indevidamente o cartão de outra pessoa vai usar para comprar só coisas como açucar e leite! Sim, porque agora todo ladrão no fundo só quer fazer um bolo!
   Enfim, sei lá. Voltei para casa sem vontade de fazer nada. E só pensando como esse mundo é hipócrita e injusto em várias frentes. Mas ok. Passou. Vida que segue.
   Mas olha, a melhor coisa da pandemia foi realmente não ser obrigado a olhar para a cara de ninguém. Perdoem o desabafo.

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